www.valor.com.br
Proposta de Caoa para BVA tem 50% de aceitação
Por Carolina Mandl, Karin Sato e Vanessa Adachi | De São Paulo
Credores que possuem cerca de 50% da dívida do banco BVA haviam aceito até ontem a proposta de deságio levada por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da rede de concessionárias Caoa. Se conseguir a adesão de credores que representem cerca de 95% dos R$ 900 milhões que estão sob negociação, o empresário deve assumir o banco, que está sob intervenção do Banco Central desde outubro. Por enquanto, as tratativas têm esbarrado principalmente em fundos de pensão e sindicatos, segundo o Valor apurou. A resistência tem se dado por dois motivos. Um deles é que algumas fundações ainda têm dúvidas se a proposta de deságio de 65% nos papéis que possuem representa um valor maior do que poderiam receber em caso de liquidação do BVA.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que recebeu com "indignação" a proposta de deságio de cerca de 65%. "Se ele [Caoa] quer ganhar dinheiro com o negócio, que faça uma proposta razoável", diz. Para Patah, 15% de desconto seria um percentual mais razoável.
A UGT representa uma série de sindicatos de servidores públicos afiliados à central sindical cujos fundos de previdência tinham papéis do BVA. No entanto, Patah disse que não poderia especificar quais. Ele explicou ainda que não descarta a possibilidade de os credores receberem mais em caso de liquidação do banco.
Esse também é o questionamento do Instituto de Previdência da Serra (IPS), cidade do Espírito Santo. Com R$ 33 milhões em aplicações do BVA, o Instituto de Previdência da Serra (IPS) afirma que não vai aderir ao deságio. "Acreditamos que podemos recuperar mais do que 35%. Vamos acionar a Justiça", diz o executivo. "Não dá para negociar um deságio de 65%."
A Autometal, empresa de acessórios para a indústria automotiva, também já dá pistas de que resiste a aderir ao plano. Em seu balanço de 2012, a companhia afirma que já entrou com um processo judicial para buscar recuperar seu investimento, além de ter admitido um prejuízo parcial de R$ 12,7 milhões com a aplicação. A empresa tinha mais de R$ 40 milhões aplicados no banco.
Também credora do BVA, a Unimed Caçapava ainda avalia se vai aderir à proposta. Com R$ 53 milhões em papéis do BVA, a Prefeitura de Indaiatuba diz que ainda não foi informada da proposta.
A aceitação à proposta pelos credores também tem um aspecto político, segundo o Valor apurou. Muitas fundações e sindicatos já deram baixas nesses investimentos no balanço de 2012, sem que beneficiários e associados percebessem o prejuízo. Discutir a aceitação ao deságio, muitas vezes convocando assembleias, pode trazer desgaste e cobrança aos responsáveis pelo investimento.
Alguns balanços de fundações já mostram o reconhecimento das perdas. Relatório de investimentos do fundo de pensão Serpros, que tem como principal patrocinador o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), aponta que a entidade já provisionou R$ 27,3 milhões da aplicação de R$ 54,2 milhões que fez em letras financeiras do banco BVA. A entidade disse que não se pronunciaria.
Hoje haverá uma reunião com fundações para propor uma solução comum que contemple diversos tipos de problemas. A ideia é que todos os papéis detidos pelas fundações sejam colocados em um novo fundo de investimento, comum às entidades. Entrariam nele créditos que o BVA havia cedido a fundos de recebíveis e também Cédulas de Crédito Bancário originadas pelo banco e vendidas aos investidores. Nesse novo "fundão", o nível de coobrigação do BVA seria menor do que o existente hoje nos fundos de recebíveis do banco. O nível atual de coobrigação (percentual dos créditos que o banco se dispõe a cobrir em caso de inadimplência) aumentaria o passivo do banco ainda mais, inviabilizando sua recuperação. No caso das CCBs, as cobranças ficariam concentradas no fundo, evitando que um credor que acionou antes a Justiça, por exemplo, recebesse em detrimento de outro que comprou parte da mesma CCB.
Inicialmente, o banco Brasil Plural, que assessora Caoa no processo, pediu para que os credores informassem a aceitação ou não ao plano até hoje. Porém, dependendo do volume de adesão conseguido, é possível que haja uma prorrogação do prazo. Caoa é um dos maiores credores do BVA, com cerca de R$ 500 milhões em papéis do banco. Ao ficar com a instituição, o maior interesse do empresário é tentar recuperar o investimento.

Montanha russa: estado emocional.
Proposta de Caoa para BVA tem 50% de aceitação
Por Carolina Mandl, Karin Sato e Vanessa Adachi | De São Paulo
Credores que possuem cerca de 50% da dívida do banco BVA haviam aceito até ontem a proposta de deságio levada por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da rede de concessionárias Caoa. Se conseguir a adesão de credores que representem cerca de 95% dos R$ 900 milhões que estão sob negociação, o empresário deve assumir o banco, que está sob intervenção do Banco Central desde outubro. Por enquanto, as tratativas têm esbarrado principalmente em fundos de pensão e sindicatos, segundo o Valor apurou. A resistência tem se dado por dois motivos. Um deles é que algumas fundações ainda têm dúvidas se a proposta de deságio de 65% nos papéis que possuem representa um valor maior do que poderiam receber em caso de liquidação do BVA.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que recebeu com "indignação" a proposta de deságio de cerca de 65%. "Se ele [Caoa] quer ganhar dinheiro com o negócio, que faça uma proposta razoável", diz. Para Patah, 15% de desconto seria um percentual mais razoável.
A UGT representa uma série de sindicatos de servidores públicos afiliados à central sindical cujos fundos de previdência tinham papéis do BVA. No entanto, Patah disse que não poderia especificar quais. Ele explicou ainda que não descarta a possibilidade de os credores receberem mais em caso de liquidação do banco.
Esse também é o questionamento do Instituto de Previdência da Serra (IPS), cidade do Espírito Santo. Com R$ 33 milhões em aplicações do BVA, o Instituto de Previdência da Serra (IPS) afirma que não vai aderir ao deságio. "Acreditamos que podemos recuperar mais do que 35%. Vamos acionar a Justiça", diz o executivo. "Não dá para negociar um deságio de 65%."
A Autometal, empresa de acessórios para a indústria automotiva, também já dá pistas de que resiste a aderir ao plano. Em seu balanço de 2012, a companhia afirma que já entrou com um processo judicial para buscar recuperar seu investimento, além de ter admitido um prejuízo parcial de R$ 12,7 milhões com a aplicação. A empresa tinha mais de R$ 40 milhões aplicados no banco.
Também credora do BVA, a Unimed Caçapava ainda avalia se vai aderir à proposta. Com R$ 53 milhões em papéis do BVA, a Prefeitura de Indaiatuba diz que ainda não foi informada da proposta.
A aceitação à proposta pelos credores também tem um aspecto político, segundo o Valor apurou. Muitas fundações e sindicatos já deram baixas nesses investimentos no balanço de 2012, sem que beneficiários e associados percebessem o prejuízo. Discutir a aceitação ao deságio, muitas vezes convocando assembleias, pode trazer desgaste e cobrança aos responsáveis pelo investimento.
Alguns balanços de fundações já mostram o reconhecimento das perdas. Relatório de investimentos do fundo de pensão Serpros, que tem como principal patrocinador o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), aponta que a entidade já provisionou R$ 27,3 milhões da aplicação de R$ 54,2 milhões que fez em letras financeiras do banco BVA. A entidade disse que não se pronunciaria.
Hoje haverá uma reunião com fundações para propor uma solução comum que contemple diversos tipos de problemas. A ideia é que todos os papéis detidos pelas fundações sejam colocados em um novo fundo de investimento, comum às entidades. Entrariam nele créditos que o BVA havia cedido a fundos de recebíveis e também Cédulas de Crédito Bancário originadas pelo banco e vendidas aos investidores. Nesse novo "fundão", o nível de coobrigação do BVA seria menor do que o existente hoje nos fundos de recebíveis do banco. O nível atual de coobrigação (percentual dos créditos que o banco se dispõe a cobrir em caso de inadimplência) aumentaria o passivo do banco ainda mais, inviabilizando sua recuperação. No caso das CCBs, as cobranças ficariam concentradas no fundo, evitando que um credor que acionou antes a Justiça, por exemplo, recebesse em detrimento de outro que comprou parte da mesma CCB.
Inicialmente, o banco Brasil Plural, que assessora Caoa no processo, pediu para que os credores informassem a aceitação ou não ao plano até hoje. Porém, dependendo do volume de adesão conseguido, é possível que haja uma prorrogação do prazo. Caoa é um dos maiores credores do BVA, com cerca de R$ 500 milhões em papéis do banco. Ao ficar com a instituição, o maior interesse do empresário é tentar recuperar o investimento.
![]() |
Montanha russa: estado emocional. |
Essa novela vai longe, ou acaba hoje. Tudo é possível.
ResponderExcluirE nós vamos nessa montanha russa emocional.
Torço pela concretização da venda.
eu acho que não vai longe não... conseguir perto de 45% de adesão em um dia (ou em mais, caso prorroguem), considerando a posição dos principais investidores? D U V I D O !!! Acho que a questão de fazer assembleias dos fundos e desgastar a imagem deles (já que muitos há realizaram a perda no balanço de 2012 sem que os quotistas percebessem) vai pesar muuito!
Excluir1º) Sindicatos e fundo de pensões: parem com essa palhaça de antecipar liminar na justiça pois todos estarão na mesma barca, e não vão ver nem perto de 35% se formos par aliquidação
ResponderExcluir2º) Aceitem o plano, pois assim podem continuar fazendo com que os pensionistas não notem o rombo, seja porque confiam no fundo nçao ligando para o balanço ou porque serão os que funcipnários novos os que sempre pagam a conta...
3º) O prazo poderá ser prorrogado para além de hoje? É o FGC quem manda? Achei que fosse o BC...
Gente, eu posso dizer que é impossível em um dia conseguir mais 45% de aceitação... acho que não vai longe não...
ResponderExcluirSou correntista e aceitei o acordo de deságio. Mas ouvi do meu ex-gerente que alguns não o fizeram. São pessoas que ainda não aceitaram a perda. Esta salvação (sem precedente na história do Brasil) é como se ganhássemos esse dinheiro, que já perdemos em outubro. Aos que estão dispostos a aprender a lição somente quando já for tarde demais, digo que é hora de pegar o telefone, entrar em contato (mesmo quem não chegou a ser contatado) e com um telefonema, tentar salvar uma boa grana. Esqueça o montante total que tinha até outubro. É 35% ou nada. E 35% a vista é uma proposta bem melhor que os arriscados 50% sendo quitados somente em 2018, como a anterior.
ResponderExcluirE os companheiros do sindicato preferem tentar recuperar uns 40%-50% (na melhor das hipóteses) na massa falida (em 10 anos - sendo otimista) do que receber 35% agora, pois "acham" que podem recuperar mais na falência, só esqueceram do conceito de inflação e custo do dinheiro no tempo
ExcluirSou correntista e aceitei o deságio, indignado, porém aceitei por saber que é a única opção para resolução do problema a curto prazo, pois a liquidação e uma "caixa de surpresas" e pior do que perder mais dinheiro e perder a saúde com esta angustia!
ResponderExcluirNa liquidação não perderemos 100% como muitos dizem, porém e um processo lento e desgastante e o percentual a receber e uma incognita!
Ou seja, resolver a curto prazo e a melhor opção.
Tenham certeza que o CAOA ira até o limite para salvar o banco pois E O QUE TEM MAIS A PERDER!
O BVA é um banco de GRANDES CREDORES por isso caso as fundações aceitem um NOVO FUNDO DE INVESTIMENTO, o FGC aceite os termos do CAOA mais os 50% de aceitação dos outros clientes (que representam quase a totalidade destes credores) , o banco estará no caminho para ser salvo.
Faça seu papel, mesmo que pequeno, aceite o deságio e torça, reze para que as fundações e o FGC ajam pragmaticamente e não politicamente.
Álvaro, muito bom seus esclarecimentos, só realmente não consigo entender como, de alguma forma, entrar na liquidação extrajudicial possa valer a pena. Então vamos fazer um exercício simples e ser o mais otimista possível: vamos supor (o que creio ser impossível) que vamos recuperar 100% daqui a 7 anos. Dos 100%, 20% ficariam nas mãos dos queridos advogados, baixou para 80% (tb teria que descontar os valores para acompanhar o processo). Só que esses 80% seriam corroídos drasticamente durante os anos da liquidação, que imagino que seja impossível durar menos do que uns 7 anos. Como poderíamos ter uma boa surpresa numa liquidação extrajudicial, melhor do que os 35% agora?
ExcluirÁlvaro, ainda não consigo imaginar uma boa surpresa em liquidação extrajudicial... vamos ser otimistas e imaginar que recuperaríamos 100% (o que creio ser impossível). Dos 100%, 20% ficariam nas mãos dos advogados. Sobrariam 80% para serem corroídos drasticamente durante os anos da liquidação (imagino que dure no mínimo uns 7 anos)... e aí? Tem alguma chance de valer a pena?
Excluir@ Alvaro e Marcio,
ExcluirConcordo parcialmente com vocês, mas não adianta os pequenos investidores aceitarem o deságio se os GRANDES não o fizerem. Eu tenho 100K e cheguei a ligar para saber como funcionaria o deságio e os próprios funcionjários do BVA me aconselharam a não aceitar porque não seria vatajoso para mim.
Realmente, o que eu e muitos outros pequenos investidores representamos quando comparados aos milhões dos fundos de pensão? Não muita coisa, não é verdade!?
Como diz na reportagem, muitos dos grandesjá deram baixas ou já provisionaram as perdas, além de o dinheiro não ser deles (diretamente), então eles não têm muito a perder.
Eu, não vou aceitar o deságio, ou melhor, somente se entrarem em contato comigo e for decisivo para a venda do banco. Não vou tomar essa na cabeça para os GRANDES sairem rindo dessa situação.
Flavia e demais colegas de infortunio,
ExcluirNão acho que a liquidação seja a melhor solução, apenas disse que não perderemos 100% dos investimentos em caso da mesma acontecer.
Motivo, primeiro por não ter havido fraudes no BVA ( como no Santos e no Cruzeiro e segundo por boa parte do valor possuir garantias fisicas (imoveis).
Porém não sabemos a qualidade destas garantias e principalmente COMO E QUANDO serão quitadas.
Na minha opinião, boa parte deste crédito e podre ou de má qualidade, dai a opção por aderir ao deságio, indignado, porém ciente que o custo de uma liquidação ( tanto financeiro como da saúde).
Tenham certeza que os grandes credores tiveram acesso a estes dados, e se aderiram ao deságio e porque sabem da "qualidade" destes creditos.
A bola está na mão do CAOA que e um excelente negociante e tentará ganhar com este martirio....faz parte do jogo.
A lição que tiro e que em nosso país os mecanismos reguladores são falhos, ineficazes e principalmente lentos, sem dar ao investidor as garantias que uma nação que deseja ser reconhecida como CONFIAVEL em seu setor financeiro necessita.
Abracos a todos
Se vc tem 100k, como que vc poderia aceitar o deságio, se aceitando-o vc abre mão do FGC? 35 mil é maior que 70 mil?
ExcluirA aceitação desse deságio se resume a clientes que, descontado esse valor, permaneça com uma quantia acima dos 70 mil garantidos pelo FGC, certo?
ResponderExcluirExiste alguma outra possibilidade que faça essa decisão ser útil para quem tem algo abaixo deste valor? E uma dúvida, no recebimento da garantia junto ao FGC, abre-se mão do valor que possuia acima do limite?
Para mim, é o que faz sentido, mas, pelo que estou vendo, ninguém sabe de nada. A princípio, pensei que eles poderiam fazer a proposta para quem tivesse acima de 70.000 em relação ao valor remanescente. Mas parece que não tem sido assim. O que já li pelo blog é que deve ser para quem acima de 140.000, só a partir desse valor é que pode valer a pena aceitar qq deságio... Em relação ao FGC, de forma alguma, não tem nada disso de abrir mão do remanescente. Inclusive no termo de cessão de crédito que vc assina vem o valor remanescente.
ExcluirCaros,
ResponderExcluirO FGC não tem nada a ver com o deságio. O FGC garante até o valor de 70k o valor de seus créditos junto ao banco. Estes créditos passam a ser de propriedade do FGC e quirograficos.
Por este motivo o FGC hoje é o maior credor do BVA e qualquer negociação para salvamento do banco passa pelo FGC que detem cerca de 2 bilhões em creditos do BVA.
Ou seja, salvo engano o valor depositado no BVA era de cerca de 3,5bi, cerca de 60% na mão do FGC, 15% na mão do CAOA e o restante para chegar em 90 a 95 % do total de depósitos no banco nas mãos de grandes e médios investidores.
Ou seja, pode até ser necessário que os pequenos, entre 250K e 400k venham a ser chamados para contribuir com o deságio, e assim devem fazer, porém a preocupação dos ex controladores do banco e do grupo wue acessora o CAOA são com o FGC, fundos de investimento e grandes credores.
Se o banco não foi liquidado até agora, na minha humilde opinião, e porque o BC sabe que a liquidação de mais um banco seria pessimo para a reputação do sist. Financeiro tupiniquim e esta tentando chegar a um acordo entre os grandes players para tirar o BVA da lama.
Fico por aqui, pois agoro só resta esperar os acontecimentos vindouros..
Se for chamado a aceitar o acordo, aceite pois e "menos pior" do que a intervenção.